Eros Roberto Grau

A velha Lutèce

18.398

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Escrevi poucas linhas aqui mesmo, na edição de 20/21 de maio de 2017, a respeito da velha Lutèce, hoje Paris. A velha Lutèce é um conjunto de pequenas vilas. Uma delas Saint-Germain-des-Prés, onde estou! 

A revista que comprei ontem na banca de jornais da esquina do bulevar Saint-Germain me fascina. Le Parisien, Histoires de Paris no 10 (Lutèce, le Paris antique). Trechos sobre a Lutetia gaulesa, sobre a guerra dos gauleses, datas marcantes da sua História e passeios pelo tempo. Mais ainda, sobre mistérios do passado. 

Onde terá mesmo nascido a velha Lutèce? Para mim, nas Thermes de Cluny. Ali, onde hoje se encontra o Museu de Cluny, esquina dos bulevares Saint-Germain e Saint-Michel. Ou terá sido em Nanterre, como leio na Le Parisien que cá tenho nas mãos? Não sei, de verdade. O passar do tempo me dá certeza de que não tenho, jamais tive nenhuma certeza... 

Mais e mais, os mistérios de Lutèce me fascinam. Quando o gaulês, que era a língua praticada pelos seus habitantes anteriormente à chegada por aqui dos romanos, o Império Romano, terá sido plenamente substituído pelo latim? E depois? O que foi acontecendo até a chegada do idioma francês, nos nossos dias praticado por aqui? Idioma que ouvirei logo mais, ao passar pelos cafés e restaurantes ali na esquina, idioma cuja construção foi amoldada pelas línguas celtas nativas da Gália antes da chegada dos romanos e pela língua dos invasores francos, após sua partida. 

A História, além de muitas histórias em torno de Lutèce, realmente me encantam! As invasões bárbaras e a queda do Império Romano levaram-na ao seu declínio a partir do século 3. Daí que, por volta do ano 310, ela passou a ser chamada de Paris, nome resultante da abreviação de palavras em latim, civitas Parisiorum ou urbs Parisiorum. 

Estas histórias me encantam, de verdade. De modo tal que, novamente vencendo o tempo, saio por aí, agora, a passear por esta pequena vila galo-romana de não mais do que uns 10 mil habitantes. Caminho desde a Ile de la Cité até a rue Saint-Jacques acompanhando a lentos passos o muro do Forum, no alto da montanha de Sainte-Geneviève. Depois entrando nesta e naquela outra porta que se abre para mim. A dos Banhos Termais --- Les thermes --- entre a rue des Écoles e o bulevar Saint-Germain. Em seguida o anfiteatro que estava lá onde hoje está o Liceu São Luís. Caminho por esta cidade e seus arredores concomitantemente no presente e no passado. Agora, revisitando teatros de arena construídos há uns 19 séculos em torno desta cidade e um grupo de intelectuais comandados por Victor Hugo impediu que desaparecessem. O que me permite a ousadia de tentar emendar aquela canção do Ivan Lins: a vida não apenas pode ser, a vida é maravilhosa.

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